segunda-feira, 15 de setembro de 2014

A ABOLIÇÃO DO HOMEM




"Um pensamento ardeu em minha mente:por mais que ele me dissesse e por mais que me lisonjeasse, vender-me-ia como escravo quando me tivesse em seu poder."
                                                                     Bunyan
                                                                                                     

 A conquista da Natureza pelo Homem

"...o poder do homem sobre a Natureza se revela como um poder exercido por alguns homens sobre outros, com a Natureza como instrumento.
     Trata-se, é claro, de um lugar-comum reclamar que os homens têm usado erroneamente e contra seus próprios congêneres o poder que a ciência lhes outorgou. Mas não é isso o que eu quero demonstrar aqui. Não me refiro a abusos ou degradações particulares que pudessem ser sanados por um aperfeiçoamento da virtude moral; estou tratando daquilo que sempre e essencialmente será aquilo que chamamos de "o poder do Homem sobre a Natureza". Sem duvida, esse quadro poderia ser alterado com a estatização das matérias-primas e das empresas e mediante o controle publico da investigação cientifica. Mas, a menos que existisse um único Estado mundial, ainda teríamos a preponderância de algumas nações sobre outras. E mesmo essa unica nação ou Estado mundial significaria (em geral) o poder das maiorias sobre as minorias e (em particular) o poder do governo sobre o povo. E todos os exercícios de poder a longo prazo , especialmente no que diz respeito à natalidade, significam o poder das gerações anteriores sobre as posteriores...."

"Cada geração exerce um poder sobre seus sucessores e cada uma, na medida em que modifica o meio ambiente que herda e na medida em que se rebela contra a tradição, limita o poder dos seus predecessores e resiste a eles. Isso modifica o quadro comumente apresentado de uma progressiva emancipação da tradição e de um
crescente controle dos processos naturais como resultando em um continuo poder do homem. Na verdade, é evidente que, se alguma geração realmente alcançasse, mediante a educação cientifica e a eugenia, o poder de realizar em seus descendentes o que bem entendesse, qualquer homem que vivesse depois dessa geração seria objeto de tal poder. E seria mais fraco, e não mais forte, pois, embora tenhamos sido capazes de pôr engenhos maravilhosos em suas mãos, teremos prefixado a maneira como deve usa-los. E se, como é provável acontecer, a geração que tenha alcançado poder máximo for também a geração mais emancipada da tradição, ela se verá comprometida a reduzir o poder dos seus predecessores tão drasticamente quanto o de seus sucessores. Também temos de lembrar que, à parte isto, quanto mais recente é uma geração-e, por consequência, quão mais próxima está da extinção da espécie-, menor o poder que terá para avançar, uma vez que estarão reduzidos os  objetos das suas ações..."

"... Os últimos homens, longe de serem os herdeiros do poder, serão os que mais estarão sujeitos à mão mortal dos grandes planejadores e manipuladores, e serão os menos capazes de exercer algum poder sobre o futuro..."

"   Não há nem pode haver nenhum acréscimo ao poder do Homem. Cada novo poder conquistado pelo homem é da mesma forma um poder sobre o homem. Cada novo poder conquistado pelo homem é da mesma forma um poder sobre o homem. Cada avanço o deixa mais fraco, ao mesmo tempo que mais forte. Em toda vitória, o homem é ao mesmo tempo o general que triunfa e o escravo que segue o carro dos vencedores.
     Ainda não estou considerando se o resultado de tais vitórias ambivalentes é algo bom ou mau. Estou apenas esclarecendo o que verdadeiramente significa a conquista da Natureza e, especialmente, qual é o seu ultimo estagio (que talvez não esteja longe). O ultimo estagio virá quando, mediante a eugenia, a manipulação pré-natal e uma educação e propaganda baseadas
numa perfeita psicologia aplicada, o Homem alcançar um completo domínio sobre si mesmo. A natureza humana será a ultima parte da Natureza a se render ante o Homem. A batalha estará então vencida...."

" Mas a pergunta é : quem exatamente a terá vencido?"

"Pois o poder do Homem pra fazer de si mesmo o que bem quiser significa, conforme vimos, o poder de alguns homens pra fazer dos outros o que bem quiserem. Não há duvida de que sempre, ao longo da historia, a educação e a cultura, de algum modo, pretendiam exercer tal poder. Mas a situação para a qual voltamos nossas atenções é inusitada em dois aspectos. Em primeiro lugar, o poder estará enormemente hipertrofiado. Até agora, os planos educativos conseguiram pouco do que pretendiam e, de fato, quando os relemos - vendo como Platão faria de cada criança "um bastardo criado em uma repartição publica", e como Elyot desejava que a criança não visse homem nenhum até os sete anos e, completada essa idade, não visse nenhuma mulher, e como Locke queria os meninos de sapatos esfarrapados e sem aptidão para a poesia -, podemos agradecer a benéfica teimosia das verdadeiras mães, das verdadeiras amas e (sobretudo) das verdadeiras crianças por preservar a sanidade que a raça humana ainda possui..."

" Mas os projetistas de homens destes novos tempos estarão armados com os poderes de um Estado onicompetente e uma irresistível tecnologia cientifica: obteremos finalmente uma raça de manipuladores que poderão, verdadeiramente, esculpir toda a posteridade a seu bel-prazer..."

"A segunda diferença é ainda mais importante. Nos sistemas antigos, tanto o tipo de homem que os educadores pretendiam produzir quanto seus motivos para fazê-lo estavam prescritos pelo Tao - uma norma que sujeitava os próprios professores e frente à qual não pretendiam ter a liberdade da transgressão. Não reduziam os homens a um esquema por eles estabelecido. Transmitiam o que tinham recebido: iniciavam o jovem neófito nos mistérios da humanidade que a todos concernia. Exatamente como as velhas aves ensinando as novas a voar. Mas isso vai mudar. Os valores agora são meros fenômenos naturais. Juízos de valor serão produzido s no aluno como parte do condicionamento. Qualquer que seja o Tao, ele será o produto, e não a razão, da educação..."

"   Os Manipuladores, nesse ponto, estarão em condição de escolher que tipo artificial de Tao irão impor à raça humana, segundo as razões que lhes convierem. Eles são os motivadores, os criadores
de motivos. Mas de onde é que eles tiram esses motivos?
    No principio, talvez, é possível que tragam reminiscencias do antigo Tao "natural". Assim, num primeiro momento, eles podem olhar para si próprios e enxergar guardiães e servos da humanidade, crendo ter o "dever" de exercer "bem" esse papel. Mas somente a confusão pode fazê-los insistir nessa postura. Eles consideram o conceito de dever como o resultado de certos processo que agora são capazes de controlar. A vitória que conquistaram consistiu precisamente em passar do estado em que se sujeitavam a esses processo ao estado em que os utilizam como ferramentas. Uma das ciosa que precisam decidir agora é se vão ou não nos condicionar a seguir a velha ideia de dever e as velhas reações diante dela. Como é que a ideia de dever pode ajuda-los a tomar essa decisão? O próprio dever é um réu: não pode ser ao mesmo tempo o juiz. Da mesma forma, a situação do termo "bem" não é nada melhor. Sabem com precisão como produzir em nós uma dúzia de diferentes noções de bem. Nenhum conceito de bem pode ajudá-los a decidir. Seria absurdo centrar-se em um dos termos comparados e usá-lo como modelo da mesma comparação.
   Parecerá a alguns que estou imaginando dificuldades para os meus Manipuladores. Outros, mais simplórios, poderiam perguntar: "Por que você supõe que todos eles seriam homens maus?" Mas eu não suponho tal coisa. A rigor eles nem sequer são homens (no sentido antigo). São, se assim desejam, homens que sacrificaram sua porção de humanidade tradicional a fim de dedicar-se à tarefa de decidir o que "Humanidade" deve significar a partir de agora. "Bons" e "maus", aplicadas a eles, são palavras vazias, pois de agora em diante é deles próprios que o conteúdo dessas palavras é retirado. Tampouco é fictícia a dificuldade. Suponhamos que nos dissessem: "No fim das contas, a maioria do homens quer mais ou menos a mesma coisa: comida, bebida, relações sexuais, diversão, arte, ciência e a vida mais longa possível para os indivíduos e para a especie. Deixemos que digam simplesmente: 'É isso o que nos agrada, vamos em frente e manipulemos os homens de forma que consigamos obtê-lo.' Qual é o problema?" Mas não é esta a resposta. Em primeiro lugar, não é verdade que todos gostemos das mesmas coisas. Mas, ainda que fosse, o que moverá os meus manipuladores a desprezar os prazeres e viver dias de trabalho árduo para que nós e a posteridade tenhamos aquilo que apreciamos? O dever? Mas o dever é somente o Tao, que eles podem querer impor aos homens, mas que não é válido para eles. Se eles o aceitam, então não são mais mais os forjadores de consciências, mas apenas seus súditos, e a sua conquista sobre a Natureza não terá de fato acontecido. A preservação da especie? Mas por que as especies devem ser preservadas? Um dos problemas levantados por eles é se esse sentimento em relação à posteridade (que eles sabem perfeitamente como produzir) deve ou não ser perpetuado. Não importa o quanto retrocedam, ou o quanto aprofundem, jamais encontrarão uma base sobre a qual fundamentá-lo. Qualquer motivação que tentem encontrar vai de cara se transformar numa petitio. Não que eles sejam homens maus. Eles não são homens em absoluto. Saindo do Tao, eles caíram no vazio. Nem os objetos do condicionamento serão homens felizes. Eles não são homens em absoluto: são artefatos. A conquista final do homem mostrou-se a abolição do Homem."

FIM DA PARTE 1
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A esta altura muitos já terão percebido que tudo que foi escrito acima trata-se do livro do C. S. Lewis, especificamente do ultimo capitulo que também se chama: A abolição do homem. Selecionei trechos dos quais julguei serem suficientes para que a ideia do autor fosse preservada, e é claro,compreendida. 

Agora por que este livro? Por que se você já leu todas as postagens que este blog já publicou verá que há um apelo para aqueles que caminham numa "contra-mão" dos fatos , que reúnem informações diversas e enganados acabam por formarem um mosaico espiritual

e psicológico, trágico, desconforme e desesperançado. Quando contemplam o que fizeram, somente a distancia das verdades lhes asseguram ver algo completo e satisfatório. De perto há somente cacos deformados e incomunicáveis, colados num grande mural de vaidades. 
Sendo irônico, eu gosto de observar quão elevada é a perspicácia destas pessoas ao reunirem compreensões tão aglutinadas sobre historia antiga, filosofia, religiões, ciência, o cosmos. Tratando todo esse "conhecimento" à delivery via Google como algo realmente empírico, experienciado e rigorosamente avaliado.  

É........mas o que acontece na verdade é que........

Ansiosos mergulham num mar de "possibilidades" e se tornam nas pessoas mais relativistas que já existiu. Assim os que fracassaram em se "encontrarem" no mundo como ele é, se tornam hoje nos revolucionários das condições humanas, nos agentes da transformação de consciências. 
É nesse momento que concordo veementemente com Lewis quando diz  que as ultimas gerações seriam as mais fracas , que seriam pessoas que: "sacrificaram sua porção de humanidade tradicional a fim de dedicar-se à tarefa de decidir o que "Humanidade" deve significar a partir de agora."
Essa redução do homem a "mero objeto" já alcançou o ponto de ser auto-infligida. Não raro vejo esses blogs a fora, dizendo : isso ou aquilo não é real; tudo é vibração; a realidade é uma ilusão. A partir daí o pejorativo "lunático" tão rejeitado por estas pessoas , passa ser o mais cabível. E por favor, não pensem que estou negligenciando o fato de saber da "tradução cientifica"que se faz, de como nossa visão de funciona, ou de como ouvimos os sons . Não é disso que eu falo, falo da dedução ignorante que se faz a partir dessas informações,de aniquilar a realidade, aquela que nos põe de pé diariamente, a interagir com tudo, a pensar e planejar, vislumbrar um futuro, reavaliar o passado e tudo isso seu tempo espaço que denominamos de: o presente.
O termo "lunático" surge aqui, pois se a realidade não pode ser mais sentida, observada e até mesmo admitida, pelo que temos disponível para fazê-lo, então afastamos-a para longe de nós e admitimos ser estranhamente incapazes de viver por aqui. É como dizer: Daqui pra frente não sou nada alem de uma consciência, e evoluir é expandi-la. 
Mas espere !!!!! sem a cumplicidade  dos sentidos na tarefa de lidar com o REAL, onde então podemos "evoluir em nível de consciência"?? Num coma, com uma experiência de quase morte (EQM)??? ou então sob efeito de algum alucinógeno como o Ayahuasca e outros DMT???   
Esta é a geração de que Lewis destaca no livro de ser a menos capaz de mudar o futuro, pois aceitaram a sugestão de abnegação de sua humanidade e de sua realidade. Tudo que eles tem são duvidas, mas que preferem chamar de possibilidades e um punhado de novas informações para formarem um novo mosaico vaidoso e triste e desesperançado. Em suma eles não têm nada.

Todos nós desejamos o progresso, mas se você está na estrada errada, progresso significa fazer o retorno e voltar para a estrada certa; nesse caso, o homem que volta atrás primeiro é o mais progressista.” 
C. S. Lewis




NOTA: No primeiro capitulo do livro, Lewis define o "Tao" como algo que é comum à toda  humanidade independente da cultura: 

" A bem da brevidade, de agora em diante vou me referir a essa concepção, em todas as suas formas-platônica, aristotélica, estóica, cristã e oriental-, simplesmente como "o Tao". Algumas das descrições que acabo de citar podem a muitos parecer meramente exóticas ou mesmo mágicas. Mas há entre eles algo em comum que não pode ser negligenciado. É a doutrina do valor objetivo, a convicção de que certas posturas são realmente verdadeiras, e outras realmente falsas, a respeito do que é o universo e do que somos nós..."    

Obviamente para uma melhor compreensão é preciso ler o livro inteiro, então se você não tem na versão impresso, segue o link para a versão online blz? 
A abolição do homem -C.S. Lewis.
Ah! este é um livro de 95 páginas, então vê se não "arregar" hein? 

Obrigado leitor espero que você seja verdadeiramente "liberto"
(e não é de exorcismo que estou dizendo não rs rs rs) Liberto, das mentiras desse mundo, da prisão que é o pecado, da opressão da duvida e da vida sem nexo e vazia que há longe de DEUS. Se você ainda não teve uma experiência real com Deus, busque em oração e na leitura bíblica. Pois é promessa de Deus que aqueles que o busquem também o encontrem. Não há nada que esta geração New Age possa lhe oferecer que lhe traga esperança de algo melhor, eles não têm outras motivações que não sejam o seu próprio fracasso e desespero diante esse mundo complexo que não ainda compreenderam.

 "Portanto, assim como vocês receberam a Cristo Jesus, o Senhor, continuem a viver nele,
enraizados e edificados nele, firmados na fé, como foram ensinados, transbordando de gratidão.
Tenham cuidado para que ninguém os escravize a filosofias vãs e enganosas, que se fundamentam nas tradições humanas e nos princípios elementares deste mundo, e não em Cristo.
Pois em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da divindade,
e, por estarem nele, que é o Cabeça de todo poder e autoridade, vocês receberam a plenitude."

Colossenses 2:6-10



Em Cristo meus irmãos vocês encontrarão as respostas que precisam, e eu não me refiro a bíblia, o que está lá é pra ser compartilhado entre todos. Me refiro as questões que só você sabe que é importante pra você e as respostas que mudariam sua vida. Ele pode responder tudo que você perguntar, pode de dar toda segurança e força para seguir, toda paz e saúde para descansar. Se ainda quiser se rebelar porque o mundo é ruim , porque as pessoas são ruins, porque tudo é falso e corrupto. Pra mim tudo bem, sei que isto é o Espirito de Deus em você, lhe pedindo que conheça a Deus e vença o mundo. Tende bom ânimo irmãos pois Ele venceu o mundo e se o seguirmos venceremos também. Amem.
      
“Eu acredito no Cristianismo como acredito que o sol nasce todo dia. Não apenas porque o vejo, mas porque através dele eu vejo tudo ao meu redor.” 
C. S. Lewis